Coluna do Décio: O desafio dos prefeitos reeleitos

Mobilidade urbana tem que ser pauta emergencial nos municípios da grande Florianópolis

Foto: Por que a grande Florianópolis não tem ainda o transporte marítimo? (Foto Divulgação)

O fato marcante de 2024 foi as eleições municipais realizadas em 6 de outubro último. O Jornais em Foco circula em 6 municípios: Biguaçu, São José, Palhoça, Governador Celso Ramos, Antônio Carlos, Florianópolis, São José e Palhoça. Dessas cidades, a única em que não teve prefeito reeleito foi em Antônio Carlos por que o gestor de lá não podia concorrer a reeleição.

Esse fato mostra que reeleição de prefeito é quase que natural. Quando um prefeito, que busca a reeleição, perde, mostra o quanto ele foi ruim política e administrativamente. O uso da máquina e o poder da caneta são fatores preponderantes para reeleger prefeito e qualquer outro político que tenta se reeleger como governador de estado e presidente.

Reforma Política

Essa facilidade só poderia ser derrubada com uma reforma política onde candidatos a prefeito, governador e presidente só poderiam ter mandatos de 5 anos sem direito a reeleição. Isso sim é a coisa certa a ser feita. No entanto o tema só fica na retórica no congresso federal e é uma pauta nunca discutida fazem décadas. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2003) tentou emplacar essa reforma mas não conseguiu apoio dos deputados e o assunto hoje está parado infelizmente.

Diante disso o resultado: reeleição de prefeito é praticamente um fato certo. Aqui, os prefeitos Salmir (MDB) de Biguaçu (reeleito com 27.586 votos -  70,01% dos votos válidos), Eduardo Freccia (PL) de Palhoça (reeleito com 52.358 votos - 52,67% dos votos válidos), Orvino (PSD) de São José (reeleito com 51.347 votos - 41,41% dos votos válidos), Marquinho (PL) de Governador Celso Ramos (reeleito com 10.376 votos - 73,24% dos votos válidos) e Topázio (PSD) de Florianópolis (reeleito com 161.839 votos - 58,49% dos votos válidos) são a prova de que a reeleição funciona.

Mobilidade urbana

Mas mudando o assunto mas mantendo a pauta política, os prefeitos eleitos desses municípios tem que se sentar urgentemente para discutir de forma ampla a mobilidade de suas cidades e como ela deve ser feita em conjunto com os vizinhos. Não adianta São José fazer a Beira Mar ali em Barreiros enquanto Biguaçu não dará continuidade a essa via assim como fez com a avenida das torres que parou ali na divisa entre essas duas cidades.

O que vai resolver ampliar linhas de ônibus em alguns municípios se não existe integração desse transporte com outras cidades?

A grande Florianópolis está com o trânsito entupido e daqui a pouco vai travar tudo. Já existe horário que em que andar a pé é mais rápido que andar com veículo em alguns trechos.

Vale lembrar que as autoridades políticas do passado não fizeram nada a respeito e por causa disso estamos sofrendo com essa imobilidade toda. Os prefeitos, principalmente os reeleitos, tem que se reunir o mais rápido possível para discutir junto com o governador esse problema todo. Repitamos: não adianta fazer obras de mobilidade isoladamente pois é questão de tempo para ver que ela só funcionará por pouco tempo.

Transporte marítimo

Em 1993, ano em o jornal Biguaçu em Foco foi inaugurado (hoje é jornais em Foco), o prefeito de Florianópolis era Sérgio Grando (in memorian) e na época ele convidou a imprensa para um passeio de catamarã para “lançar” a ideia do transporte marítimo na grande Florianópolis. Fazem mais de 31 anos e a ideia só ficou no passeio. Até hoje só vê tentativas frustradas e isoladas de  alguns prefeitos para implementar o transporte marítimo que morrem na casca.

Como explicar para um turista europeu que a capital do estado “rico” e “planejado” de Santa Catarina é uma ilha que não tem transporte marítimo que a liga aos municípios vizinhos?

Bondinho

Em outro período a reportagem do jornais em Foco estiveram visitando o ex-secretário regional da Grande Florianópolis, Valter Galina e em sua mesa tinha um projeto que iria ser apresentado ao então governador Luiz Henrique da Silveira. Tratava-se de algo surpreendente: eram torres muito altas que seriam colocadas em Florianópolis, Biguaçu, Governador Celso Ramos, São José e Palhoça e que seriam ligadas entre si por um tipo de bondinhos rápidos e seguros. E o pior que a iniciativa pública não desembolsaria valor algum pois o serviço seria explorado pela iniciativa privada que ganharia dinheiro nos alugues de salas nessas torres grandes e na passagem que por força de edital não poderia ser maior a um valor estipulado pelo governo. Nem sabemos se o dito projeto foi apresentado ao governador da época mas a realidade é que essa ideia também não saiu no papel. E olha que era algo futurístico e que já existia em algumas cidades europeias da Noruega e Suécia.

Insistência em estradas para carros

Mas não adianta! O que se discute e se faz são melhorias e novas vias para “acabar” com congestionamentos. Não que isso não seja importante mas a prioridade deveria ser o investimento no transporte público e também em ciclovias porque as de hoje não tem conexão.

Existem outros tipos de transportes como trem sobre trilhos e metrôs além dos bondinhos e transporte marítimo. E o que não pode é ficar na retórica.

Exemplos de transporte coletivo

Anos atrás trouxeram um especialista em mobilidade urbana, um descendente de japonês que já foi prefeito de Curitiba, para criar um projeto que destravasse os gargalos da grande Florianópolis de forma conjunta. Outra iniciativa que não prosperou. Quer dizer: nada saem do papel e esses políticos experts não trazem soluções. Muito lamentável por que existe até iniciativa em que não haverá investimento com dinheiro público e se não vai gastar dinheiro porque não se faz logo?

Mobilidade tem que ser analisada em 2025

Por que se continuar assim o trânsito da grande Florianópolis vai travar de vez e aí temos que voltar a andar a cavalo ou montados nos burrinhos. Não tem como ignorar essa pauta e os prefeitos eleitos tem que agir logo. A mobilidade tem que ser o grande desafio de 2025.

Feliz Natal e Próspero Ano Novo

E para finalizar boa leitura nas próximas páginas e que venha 2025. Muita saúde e paz aos leitores do jornais em Foco e um agradecimento especial aos nossos patrocinadores que estiveram apoiando a publicação em 2024.


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