Futebol: Justiça afasta Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF pela segunda vez

Decisão do TJ-RJ atende pedido de Fernando Sarney; nova eleição deve ser convocada com urgência. Em 2023, Ednaldo havia retomado o cargo por liminar de Gilmar Mendes

Ednaldo Rodrigues é afastado do comando da CBF após nova decisão judicial; Fernando Sarney assume interinamente até a realização de nova eleição (Foto Divulgação)

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) determinou, nesta quarta-feira (15), o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A decisão foi assinada pelo desembargador Gabriel Zefiro, presidente da 19ª Câmara Cível, atendendo a um pedido do vice-presidente da entidade, Fernando Sarney, que assume interinamente o comando da CBF até que uma nova eleição seja realizada — o que deve acontecer “com a maior brevidade possível”, conforme o magistrado.
 
Esta é a segunda vez que Rodrigues é retirado do cargo por ordem judicial. Em dezembro de 2023, a Justiça do Rio já havia anulado sua eleição à presidência da CBF, sob a alegação de que o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que permitiu sua posse em 2022, foi firmado de forma irregular com o Ministério Público do Rio. Na época, Ednaldo conseguiu retornar ao posto por meio de uma liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que suspendeu a decisão do TJ-RJ até o julgamento definitivo da ação.
 
A decisão de Gilmar Mendes, à época, já havia sido alvo de questionamentos no meio político. Isso porque o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), fundado por Gilmar Mendes e atualmente dirigido por seu filho, Francisco Schertel Mendes, firmou um contrato milionário com a CBF em 2023 para gerir a CBF Academy — braço educacional da entidade. O acordo prevê que o IDP receba 84% da receita gerada pelos cursos, estimada em R$ 9,2 milhões por ano. Após a concessão da liminar favorável a Ednaldo Rodrigues, o suposto conflito de interesses gerou forte repercussão no Congresso Nacional.
 
Diante da situação, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) iniciou a coleta de assinaturas para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado com o objetivo de investigar a relação entre Gilmar Mendes e a CBF. A proposta já conta com 18 assinaturas e pode ganhar força nos próximos dias. Segundo Girão, o contrato entre o IDP e a entidade do futebol brasileiro, somado à decisão judicial favorável ao então presidente da CBF, configura um dos mais evidentes casos de conflito de interesses e deve ser apurado com rigor.
 
O novo afastamento de Ednaldo também se baseia em questionamentos sobre a legalidade do processo que o levou à presidência. Um dos pontos mais controversos envolve uma perícia que apontou suspeitas sobre a autenticidade da assinatura do ex-presidente da CBF, Coronel Nunes, no documento que viabilizou a eleição de Ednaldo. Nunes, que enfrenta problemas de saúde desde 2018, teria assinado o acordo mesmo após ser diagnosticado com um tumor cerebral, o que levanta dúvidas sobre sua capacidade à época.
 
A CBF ainda não se manifestou oficialmente sobre a decisão mais recente, mas o clima nos bastidores é de incerteza, especialmente porque a entidade havia anunciado recentemente a chegada do técnico Carlo Ancelotti para comandar a Seleção Brasileira. A instabilidade na gestão da CBF pode interferir diretamente no planejamento da equipe para as próximas competições internacionais.

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